domingo, 24 de fevereiro de 2013

Leões e Cordeiros


Há mais de cem anos, 150 operárias de uma fábrica de tecidos, cansadas de desigualdade, organizaram entre si uma grande reivindicação contra o sistema trabalhista completamente machista, e a falta de oportunidade de crescer na vida com a falta de alguém para sustentá-las.

História velha, bem conhecida, mas nada respeitada. Pensamos nela como uma data especial, na qual as mulheres são presenteadas e ganham um extra em atenção. De fato, é uma data marcante, e sem ela talvez não existissem tantas mulheres no poder. Pensando em tanta desigualdade, nos vem à mente a escravidão dos negros, eram "operários" que trabalhavam com desigualdade extrema e pouca – ou nenhuma – oportunidade de autossustentação.

Pensando bem, os negros também ganharam um dia, como uma data especial, na qual ganham festas e em algumas cidades até um feriado. Mas não deixa de ser um dia mórbido, porque somos obrigados a lembrar que até a libertação dos escravos, muitos morreram e outros tantos sofreram.

No início, o dia 8 de Março, não era apenas uma data para comemoração, e sim, uma data com uma base intelectual, para olhar como a mulher crescia na sociedade.

Há mulheres hoje, nessa sociedade altamente capitalista, onde quem ganha é quem tem o corpo mais bonito e não a mente mais estruturada, que fazem seu manifesto silencioso, como por exemplo, Fernanda Young que, com seu humor sarcástico, já conseguiu tirar muitas outras mulheres do enfoque de beleza padrão.
E por que não, Geisy Arruda, trajando seu vestido vermelho, causou impacto na sociedade inteira. Estaria ela fazendo um manifesto contra um estereótipo que colocaram para a mulher?

Brincadeiras à parte, em um país onde as mulheres são vistas como produtos de marketing e não como seres humanos pensantes, nada mais justo mostrarmos a eles que mulheres não são monstros consumistas, que conseguem sim ter opinião sobre política, economia e – porque não - futebol?

No reino animal, por exemplo, são sempre as fêmeas que são as ‘chefes -de- família’ elas que cuidam da caça, enquanto o macho cuida dos filhotes. Será que não está na hora de as mulheres se transformarem em leoas e os homens perceberem que nessa, eles são os cordeiros? 


sábado, 16 de fevereiro de 2013

Vogue


Fui até meu armário empoeirado de revistas e lá resgatei uma Vogue.  Dezembro de 2011. Edição de Aniversário de 400 edições. Alessandra Ambrósio e Rodrigo Santoro estão na capa. Acho que ganhei a revista do meu namorado. Ele gostava de me presentear com revistas do gênero e acabou me dando- mesmo que sem pretensão- uma edição histórica.

Não sei ao certo o que me levou a relê-la, mas lá estava eu, folheando suas páginas coloridas e utópicas enquanto ouço Led Zepellin. Me divertindo com temas tão surpreendentes. Me vi dentro de um mundo completamente mágico, um mundo a qual tenho certeza que pertenço.

E bem no meio desse mundo, do qual saí desesperadamente –por motivos até agora tão frágeis- percebo o quão bem ele me fazia. Vejo sorrisos em cada página. Brindes com Veuve Clicquot Rose e momentos regados de safras antigas. Jantares, almoços, brunchs... Todos eles adoravelmente adornados por artes belas e representativas.

Por certo tempo, me deixei ludibriar pelos não entendidos, aqueles que acham que vivem dentro desse papel, mas na verdade apenas seguem estereótipos forçados. Talvez se vivêssemos em menor preconceito com a moda e com a arte estaríamos em um mundo mais bonito e colorido como o meu. Talvez existissem mais pessoas que gostassem de presentear com livros e revistas e menos pessoas que preferissem enfeites para o corpo.

A moda é tão mais que se ver vestido com cores e modelos tendenciais. A moda é amar a arte e coloca-la no corpo. É cuidar de você como se fosse Mona Lisa, é se apaixonar pela peça e fazer amor com ela.
Por isso, a moda me preenche. Por ela eu dou o sangue. Pela arte eu dou a alma. Pelo meu mundo, muito mais que isso, eu dou amor.